SPRINT FINAL NESSA SEMANA COM GUSTAVO CHAVEIRO


O PD acrescenta mais um bate-papo, dessa vez quem está em Sprint Final é Gustavo Cabral, atleta Unicesp e editor do site Ciclismo Brasil, que em meio a um ano conturbado fez sua estréia na categoria Máster após alguns anos competindo na Elite.


Nessa conversa, "Chaveiro" como é conhecido por todos, vai nos dar uma palhinha de como é escrever sobre o Pelotão e dividir um pouco de sua vida com os leitores do PD, vamos ler o que ele tem a dizer:




PD Você começou a pedalar no MTB não foi? Como se deu essa transferência para o ciclismo?
GC É verdade, comecei no mountain bike, mas depois de começar a pedalar de ciclismo e descobrir os treinos em grupo, pelotão do Lago Sul comecei a deixar os finais de semana em função do pelotão e o mountain bike ia ficando mais distante. Em 2005 fui chamado para participar da equipe de ciclismo da Unicesp, então me envolvi mais com ainda com o ciclismo e fui deixando o mountain bike de lado, mas em 2010 pretendo voltar a competir MTB na Máster A e também no ciclismo claro.
PD Você passou por um procedimento cirúrgico este ano e quase não volta para o pedal, que história foi essa?
GC Sim, em 2001 eu fiz uma cirurgia de Hérnia Inguinal e depois de alguns meses voltei a pedalar, mas em 2008 descobri que o problema tinha retornado. A partir de então passei a preparar um novo procedimento e em fevereiro deste ano fiz uma nova cirurgia, a cirurgia foi um sucesso, foi colocado uma tela na região abdominal da parte direita da barriga, próximo a virilha, que tem a função de proteger a passagem do intestino por uma parede enfraquecida de tecidos. Então após a cirurgia fui recomendado pelo médico a ficar 3 meses sem nenhuma atividade física e foi o que fiz, mas logo depois dos 90 dias completados voltei a pedalar periodicamente, tentando pegar forma o mais rápido possível, participei de Volta da Gasol com apenas 9 semanas de treino e depois corri a Volta do Goiás Máster. Depois dessa volta comecei a sentir dores e um forte incômodo na região, então parei durante mais 2 semanas e as dores amenizaram, voltei a pedalar e de vez em quando ainda sinto um certo incômodo quando faço muita força. Depois destes alertas de dores fui recomendado pelo médico a não andar de bicicleta, pois segundo ele o ciclismo força muito o corpo e o problema pode voltar.
PD Mas você pretende voltar a correr na elite em 2010 ou vai se federar na master?
GC Sinceramente gostaria de correr na Elite, mas para isso tenho que abdicar de coisas que nos meus 31 anos não posso mais, então a Máster será o meu destino.

PD Qual a sua opinião sobre o ciclismo master e elite da cidade?
GC O ciclismo de Elite existe, temos bons atletas e potencial, mas estamos fora do eixo dos grandes acontecimentos do ciclismo nacional, o atleta de Brasília-DF fica muito caro para as equipes de fora, não temos o mesmo apoio como os estados de São Paulo-SP, Santa Catarina, Paraná e alguns outros e isso inviabiliza uma sequência de resultados positivos nesse sentido.
O que temos hoje na Elite são atletas solitários vivendo o sonho do ciclismo profissional, vários(a) ciclistas tentam ano após ano um lugar no meio e enfrentam a mesma dificuldade comentada. Porém o sonho está para todos, temos Elite em Brasília sim, ciclistas com potencial e capazes.
Já a Máster a história é diferente, os ciclistas geralmente são atletas com a vida resolvida e são apaixonados pelo esporte, tem o mesmo potencial de Elite (alguns), mas não querem abdicar de suas tarefas em busca de um ciclismo profissional sem retorno, pois aqui no Brasil ciclista não recebe um salário decente e sustentável. A realidade de Brasília é outra, os atletas Másters geralmente são empresários, altos funcionários públicos, fazendeiros e ciclistas com boas condições, e por isso tem condições de investir no esporte, alimentação, estrutura, disciplina e equipamentos, o que fomenta a categoria mais disputada da cidade.



Chaveiro e Marconi Ribeiro no Pelotão do Lago Sul




PD O que você acha que pode ser feito para que o ciclismo elite dê mais quórum nas corridas?
O ciclismo brasiliense está passando por uma fase muito difícil, a categoria Elite não está sendo renovada, no feminino não temos atletas especialistas na modalidade, os atletas estão ficando velhos e não temos apoio de empresas e governo, como acontece em São Paulo, Paraná e Santa Catarina, onde as equipes são apoiadas pelas importadoras do ramo e pelas prefeituras das cidades, que tem orgulho de ver ciclistas e equipes defendendo aquela cidade.
Muito ainda está sendo feito, faculdades apóiam equipes, novas equipes estão sendo criadas, mas em sua maioria por pessoas já resolvidas na vida, que não querem passar disso ou daquilo, que amam o esporte (amadores profissionais) e não se dedicam a conseguir algo melhor. Para conseguir algo significativo na categoria Elite teríamos que ter atletas de Elite em bom número, ciclistas de alto nível que estivessem dispostos a se dedicar igual a um profissional, com estrutura de profissional e com um salário que desse para pagar no mínimo os custos do fato, e isso nós não temos, apoio!
Para um ciclismo de Elite a cidade primeiramente teria que ter uma Federação Séria, envolvida com os atletas, com as provas, novas equipes com integrantes de fora quem sabe e que corresse o circuito nacional, orçamento, empresas do ramo (equipamentos/Bicicletas) e fora do ramo (Patrocínio) que apoiassem o ciclismo. Uma coisa é certa, estamos totalmente fora do eixo das competições, das equipes concorrentes, dos atletas tops, o que de certa forma deixa Brasília esquecida. Quanto seria o custo anual para uma equipe de Brasília com 9 ciclistas se manterem nas principais provas do circuito nacional? Você já pensou nisso?
PD Qual o ciclista ou os ciclistas locais que você admira e por quê?
GC Admiro muito ciclistas talentosos, como Marconi Ribeiro (Ciclo Race) atleta de alto nível e humilde, Abraão Azevedo (Sundown) indiscutível o mais disciplinado e vitorioso atleta brasiliense, Rodrigo Morcegão (Memorial Santos) atleta batalhador, muito forte e vencedor de corrida, Josemberg Nunes "O Montoya" sem dúvida uma grande revelação da região e o grande Ubirajara Macedo que apesar de estar afastado por uma contusão merece ser lembrado, Fernando César (AAZ Racing Team), talvez o ciclista com o maior progresso dos últimos anos, muito forte e disciplinado.

Outros nomes também devem ser lembrados, admiro Hélder Fernandes (Lazzaretti) pela sua característica, perícia, inteligência dentro do pelotão, João Schwindt (Unieuro) relativamente novo no meio, mas muito forte e íntegro, Alan Clécio (Unicesp) talvez o maior nome entre os jovens ciclistas da cidade, o grande Carlos Taguá, que tem um pouco de todas as características no ciclismo, anda forte no plano, sobe e sprinta, e muitos outros atletas dedicados da cidade.
PD Você é o principal editor do Ciclismo Brasil, como é escrever sobre o pelotão todos os finais de semana?
GC Escrevo a três anos e inicialmente tive a dificuldade de ser imparcial (Que julga como deve julgar entre interesses que se opõem), pois tudo que escrevia e escrevo é lido por pessoas de diferentes opiniões e diferentes maneiras de interpretações, portanto quando escrevia de minha pessoa ou equipe sofria duras críticas, mesmo que tivesse falando a verdade, mas quando escrevia de outra forma tentando agradar a uma pessoa ou outra em especial recebia elogios dessa e das outras pessoas.
Então com o tempo no curso de jornalismo e alguns estudos pude me adaptar de maneira adequada dentro do contexto jornalístico, usando a Pirâmide Invertida com principal coordenada para a notícia.
Depois do site Ciclismobrasil o pelotão ficou muito mais competitivo e disputado, todos querem aparecer, todos querem seu lugar no site e a disputa ficou bem mais interessante, mas mesmo com tudo isso não consigo agradar a todos com o meu texto, "pois o que mais temos são grandes intelectuais que criticam mas não fazem."Ou seja, escrever para o Pelotão todos os finais de semana é prazeroso para mim, gosto de escrever do que gosto de fazer, tento mudar o formato do texto a cada vez que escrevo e isso é muito difícil, enfim, é uma honra ser o editor do site e ter uma forma de praticar  meu jornalismo, que ainda tem muito o que melhorar.
PD O que mais te agrada e desagrada nessa história de escrever sobre o Pelotão?
GC São questões difíceis de responder, mas vamos lá, o desagradável desta história toda é não poder relatar os fatos perfeitamente e não conseguir agradar a todos, pois nem sempre estou presente e é muito difícil relatar os fatos na íntegra. E o que me agrada é ver os ciclistas batalhando para vencer o pelotão e depois me cobrar um bom texto, é saber que todos querem seu momento de fama ou algo do tipo, o que tem esquentado a briga por vitórias no pelotão e atraindo cada vez mais pessoas ao treino, isso sim me agrada.
PD A experiência que vocês do CB fizeram no Pelotão valendo R$ pareceu muito boa, vai rolar mais no ano que vem?
GC Na verdade não foi o Ciclismobrasil que fez o treino do bolão acontecer, o prêmio veio a partir do cancelamento da Volta das Satélites e o dinheiro do bolão partiu de incentivadores, ciclistas e alguns empresários que queriam ver alguma disputa acontecer, mas o Ciclismobrasil teve um papel importante nessa história, serviu de apoio de mídia para que eu, um dos participantes do treino pudesse divulgar a todos os atletas possíveis, e deu certo, não como uma competição, mas como algum evento não formal. E por sinal deu certo, claro que não tivemos nada concreto em relação a segurança dos atletas, mas o treino largou na hora durante os três dias, o asfalto do percurso era bom, e ainda tivemos prêmios e brindes.
Para o ano que vêm o Ciclismo Brasil não pretende promover outro evento deste, mas eu juntamente com todos os ciclistas colaboradores com certeza vamos promover um novo bolão para o pelotão, em dia oportuno se Deus quiser.
PD Qual o seu objetivo para o ano de 2010 como ciclista?
GC Pretendo disputar provas de alto nível na Máster A, Brasileiro, Voltas e competições locais, quero andar um ano todo constante, pois em 2009 disputei apenas 2 provas, já que tive um ano difícil em relação a saúde.
PD Espaço reservado para você falar o que quiser, mandar um recado ou agradecer alguém:
GC Este ano tive um problema de saúde que me impossibilitou de prosseguir da melhor maneira possível, passei outros problemas pessoais que não estavam me deixando em paz comigo mesmo, mas agora estou bem mais centrado nos meus objetivos, as portas se reabriram para mim e pude aprender muita coisa com tudo isso.Gostaria de agradecer ao apoio de grandes amigos que nunca me abandonaram nesses momentos difíceis e acreditaram em mim, gostaria de agradecer a todos os integrantes da equipe Unicesp que vêm me acompanhando nestes últimos quatro anos no ciclismo e a Deus por ter me colocado no caminho certo mais uma vez e ter dado saúde e paz para minha família.

Gustavo Chaveiro


É isso aí leitores, esse foi Gustavo Chaveiro, o próximo será você aqui no blog PedalDigital!


Aguarde!

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