CAPACETES AERODINAMICOS - POR MARCELO ROCHA

Vivemos em meio a uma briga ferrenha entre os fabricantes de bicicleta que atestam que suas bicicletas são sempre as mais rígidas, aerodinâmicas e melhores, assim como seus componentes.  No caso da aerodinâmica, por exemplo, 2/3 do arrasto produzido pelo conjunto bicicleta + ciclista, vem somente do ciclista. Então, o acessório que compõe o ciclista como o capacete deve receber atenção especial. Para se ter ideia de como funciona a coisa do arrasto, 90% da força exercida contra o ciclista e a bicicleta se movendo para frente, vem do ar, enquanto 10% vem da resistência de rolagem (nessa conta estão rodas, rolamentos e engrenagens); e se você quiser por exemplo dobrar a sua velocidade em cima da magrela, a potência precisa ser em aumentada em 8 vezes para tal feito, tamanha a resistência que será encontrada . (1)



O capacete vem recebendo essa especial atenção agora não só em provas de contrarrelógio, mas também passaram a ser notados nas provas de estrada. Recentemente Cavendish que é um famoso e excelente “sprinter” surgiu com um capacete com furos tampados nos últimos quilômetros de prova, que não é feito contra ataque de mosquitos e nem nada do tipo. Analisando a posição em que o Cavendish faz seu “sprint” percebi uma correlação direta com a posição de cabeça baixa adotada pelos contrarrelogistas que é realmente uma posição extremamente aerodinâmica e indicada na maioria dos testes em túnel de vento para os contrarrelogistas. Mas por quê? Nas figuras abaixo podemos ver um teste conduzido por John Cobb, um conhecido especialista em aerodinâmica que trabalha com diversos atletas e também na corrida de carros NASCAR. Nesse teste com a “smoke” vemos claramente na primeira imagem, que a cabeça mais baixa gera mais turbulência; porém também proporciona menor arrasto devido a menor área frontal e a necessidade de menor potência para a mesma velocidade alcançada (2). Sendo assim, arredondando os capacetes e/ou retirando a cauda no caso do contrarrelógio, conseguimos manter a área frontal menor com a cabeça baixa, e diminuímos também a turbulência o que aumenta a estabilidade.

A verdade é que ficamos no meio dessa briga por mercado e em alguns momentos a proposta pode ser válida para o alto nível, e não tão válida para a maioria dos ciclistas. Vale lembrar que se 2/3 do arrasto produzido pelo conjunto bicicleta + ciclista, vem do ciclista, talvez seja mais barato investir em um posicionamento mais eficiente e aerodinâmico antes de investir alguns milhares de reais em uma bicicleta “super aero” ou mesmo em componentes. Até a próxima!

1. Len Brownlie, Peter Ostafichuk, Erik Tews, Hil Muller, Eamon Briggs, Kevin Franks, The wind-averaged aerodynamic drag of competitive time trial cycling helmets. Procedia Engineering, Volume 2, Issue 2, June 2010, Pages 2419-2424.
 
2. Cobb John,Where does air go? Disponível em: <www.cobbcycling.com> acessado em 11 de  julho de 2012.
Marcelo Rocha

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