DESABAFO

MAIS DO MESMO - ATÉ QUANDO VAMOS TOLERAR !!!!

O ciclismo acaba de sofrer mais um novo atentado. Não, não se trata de cartolas assaltando nossas entidades oficiais de organização do esporte. Também não se trata de mais um motorista acreditando que nós cislistas não devemos, não podemos e não seremos permitidos de utilizar nossas estradas em segurança. Infelizmente se trata de mais um escândalo de doping, e novamente na Espanha país de Alberto Contador, Carlos Sastre, Miguel Indurain e outros tantos nomes que nos fizeram vibrar com suas vitórias, mas também país de Eufemiano Fuentes, Manolo Saiz e Alejandro Varlverde, protagonistas - ao lado de Jan Ulrich e Ivan Basso - do maior escândalo de doping após o famoso Festina affair em 1998.


Desta feita, através da denominada Operação Grial, a Guarda Civil Espanhola desbaratou mais uma rede de fornecimento de EPO, Hormonio de Crescimento - o famoso GH - e outros produtos médicos utilizados para mascarar o uso destas substâncias, rede esta capitaneda pelo médico da extinta equipe Kelme, o peruano Walter Viru, e incluía entre os seus integrantes sua mulher e filho, Pedro Jose Vera, ciclista profissional da equipe Contentpolis-AMPO, bem como um cilista amador.


Muitos podem estar se perguntando o porquê de se perder tempo escrevendo sobre algo tão corriqueiro como doping no ciclismo, afinal como mencionado no inicio deste comentário, foram inúmeros os escandalos em nosso esporte em nível profissional. Ocorre que agora o que foi demonstrado pela Guarda Civil Espanhola é que entre os clientes desta rede também se encontravam vários ciclistas amadores e de categorias de base, e isto é preocupante porque indica um futuro negro, ou mesmo uma ausência de futuro para um esporte que tantas paixões desperta.


Nos úlimos anos vimos grandes patrocinades fugirem do esporte - T Mobile, Phonak, CSC, Barloworld, e tantos outros, e isto de refletiu na diminuição de corridas profissionais em todo o mundo, na redução dee salários e premiações, e principalmente na perda de credibilidade perante os fãs do esporte, principalmente aqueles que não pedalam e portanto acreditam que qualquer um que sobe em uma bicicleta e alinha para a largada de uma prova está trapaceando.


Trapaça, este parece ser o substantivo que resume o ciclismo atualmente, seja nas categorias profissionais - na qual se tem o ciclismo como forma de sustento - seja nas categorias amadoras, onde somente o mais puro egoísmo explica alguém fazer uso de substâncias proibidas para subir ao podium, e ainda assim se achar um Campeão. Em sua mente sem dúvida, um campeão de coragem em submeter seu organismo a substâncias sintéticas cujos efeitos a longo prazo não estão perfeitamente delimitados pela ciência médica, mas tembém um campeão de covardia em não querer assumir perante todos suas debilidades ou a superioridade dos concorrentes.


No Brasil toda esta cultura suja do esporte se soma ao pouco afeto que nos Brasileiros temos à lei de uma forma geral, e também com nossa opção pelo caminho mais fácil sempre, o famoso jeitinho, que em nosso esporte substitui horas de treino duro e limitações na vida privada para se conseguir treino e descanso de qualidade por substâncias proibidas pela Agência Anti-doping Mundial - WADA.


Hoje não podemos nos espelhar em Daiane dos Santos para dizer " Não sabia que era proibida !!!!", viemos na era em que o conhecimento está ao alcance de todos, principalmente para queles que em nosso país tem o poder aquisitivo para comprar uma bicicleta - qualquer que seja ela - para alinhar em uma competição.


Para os amantes do ciclismo, aqueles que realmente gostam do esporte e o praticam a nível competitivo impõe-se um novo desafio, o de transformá-lo em um esporte limpo, no qual possamos dizer, de boca cheia, parabéns aos nossos campeões e quem sabe chorar de emoção com suas vitórias.


É um trabalho fácil, basta cada um fazer sua parte......como em tudo na vida.

Fernando Cesar

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