TEXTO DE HUGO PRADONETO

CULTURA SUÍÇA

Todo mundo sai ganhando!

Passei 15 dias na cidade de Gstaad da Suíça e redondezas para descobrir quais são as técnicas de treinamento usadas e qual o segredo da Suíça ter tantos atletas de alto nível em tantos esportes. Um dia antes de uma grande prova na Suíça de ciclismo chego para fazer a inscrição enquanto assisto as crianças da categoria 2-4 anos, mais ou menos umas 30 e um mega evento ate com palhaço no carro para incentiva-los a fazer o percurso, as mães vão correndo acompanhando. Impressionado e emocionado eu olho para o Fernando que tem casa na Suíça a mais de 27 anos e pergunto: porque no Brasil não é assim: No ato ele me responde: “olha eu vou te dizer uma coisa, o brasileiro tem dois braços e duas pernas, igual esse povo aqui, o problema é a cultura” . A Suíça foi o país que mais conquistou medalhas no campeonato mundial de MTB 2007. Porque? Porque nossa melhor classificação foi um 25º de Avancini na Junior?

Categoria de Base – regra Suíça #1 sem atalhos

Temos que começar desde cedo não só na parte física mas mostrar para as crianças a importância do esporte, fazer com que eles gostem e entendam todo o processo que é preciso seguir para um dia eles se tornarem campeões. A criança suíça desde cedo recebe instrução de que na vida ela tem que correr atrás das coisas, dedicar, e que o caminho que se parece um atalho na verdade é uma armadilha do futuro. Já no Brasil as crianças são ensinadas a vencer, e querem que isso aconteça da noite pro dia e se elas não chegam em primeiro elas ficam desoladas. Ou seja, a cultura brasileira do “a gente dá um jeitinho” na verdade faz com que a criança não entenda o processo, se desmotive pelo esporte e nunca ponha a mão na massa de verdade. Disciplina, dedicação, trabalho duro e treinamento calculado e profissional são marcas registradas da Suíça desde muito cedo na vida.

Brasileiro só entende de Futebol, Regra Suíça #2 Entenda de tudo um pouco

Não, chega dessa cultura pobre! Brasileiro é viajado, brasileiro entende o tanto que ser ciclista, surfista, wake boarder é mais punk do que jogar bola. Brasileiro entende o alto investimento desses esportes radicais, sabe aonde acontecem as corridas mais balas, e respeita esses atletas quando os mesmos estão na lagoa de wake ou na estrada de bike. Eles não passam colados arriscando a vida deles e dos ciclistas porque eles querem que os esportes creçam no país, que novos talentos nasçam e que a gente não fique a mercê do “old school soccer” certo? Uhhmmm parece que estamos melhorando muito nisso mas isso ainda só acontece mesmo na Suíça e países de 1º mundo. Então aqui vai a dica: leiam mais, saibam como funciona cada esporte, que país é bom nisso para que nós fiquemos um país com mais gente saudável, mais gente disposta a fazer esporte e consequentemente mais rendimento em geral. É um chain reaction, você respeitando um ciclista na estrada hoje pode estar sendo atendida por ele numa sala de cirurgia, e se esse ciclista/cirurgião teve a paz de pedalar, gastar energia, bombear mais O2 no cérebro ele estará mais feliz, mais saudável e consequentemente mais disposto para talvez te operar e fazer com que você tenha um serviço melhor, ou seja todo mundo sai ganhando. Isso na Suíça é um pensamento óbvio. E aqui?
Aprendi que na Suíça tudo funciona, tudo é perfeito porque todo mundo faz o que tem que fazer, sem passar por cima do outro. Se eles ganham eles estão felizes, se eles perdem já sabem ou procuram saber como melhorar, não ficam lamentando, porque eles amam o processo todo, não só o resultado final. Isso é cultura suíça! Sempre quando vou competir fora vou com o coração e raça brasileira mas com a preparação gringa conseguindo assim jogar de igual pra igual. Lembrem-se que nós brasileiros temos dois braços e duas pernas igual todo mundo e MUITO raça, mas a cabeça e a cultura do todo mun9do sai ganhando é essencial para o sucesso no esporte e na vida! Alma brasileira + cultura suíça = sucesso absoluto!
Hugo Pradoneto
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CIdade Jardim BH -MG- BRASIL
30380-000

Comentários

  1. Hugo, concordo com você que o brasileiro tem raça mas falta o respeito pelo outros e pelo cidadão.
    O jeitinho é a pior coisa já inventada pelo brasileiro.
    Tem um cara chamado Camara Cascudo que disse que o melhor do Brasil é o brasileiro. Sempre concordei, mas de dois anos pra cá, quando minha condição financeira me permitiu viajar pra fora pra competir, passei a discordar. Por causa do famigerado jeitinho, hoje na minha opinião, o pior do Brasil é o brasileiro.
    Perdi até a vontade de ir nas corridas - estou preferindo ficar treinando aqui em casa - fica mais barato e faço o esporte que gosto quase do mesmo jeito.
    Agora, tenho de discordar de algo - no Brasil, em todas provas de ciclismo tem palhaços sim, só não tem as crianças.
    Os palhaços somos nós os ciclistas, que somos tão apaixonados pelo esporte que aceitamos federações administradas por ratos como o da mineira e outras, pagamos uma fortuna de inscrições em provas sem nenhuma segurança, com premiações risiveis, campeonatos brasileiros no hemisfério norte (masters em amapá em 2009), corridas de campeonatos estaduais de "resistência" de 40 minutos, regulamentos iguais aos profissionais (no que interessa pra cbc) para os ciclistas enquanto os organizadores podem fazer o que bem entender, e outras coisas mais, sendo que tem gente que ainda se dopa para dar voltas em quarteirão - olha o jeitinho ai - não treinam direito, portanto tomam alguma coisa pra compensar isto, com prejuizo financeiro e pra saúde - aliás saúde pra que se ganho de alguns em umas voltas no quarteirão? - isto beira o ridiculo.
    Só faltam as crianças...

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  2. Hugo, concordo com você que o brasileiro tem raça mas falta o respeito pelo outros e pelo cidadão.
    O jeitinho é a pior coisa já inventada pelo brasileiro.
    Tem um cara chamado Camara Cascudo que disse que o melhor do Brasil é o brasileiro. Sempre concordei, mas de dois anos pra cá, quando minha condição financeira me permitiu viajar pra fora pra competir, passei a discordar. Por causa do famigerado jeitinho, hoje na minha opinião, o pior do Brasil é o brasileiro.
    Perdi até a vontade de ir nas corridas - estou preferindo ficar treinando aqui em casa - fica mais barato e faço o esporte que gosto quase do mesmo jeito.
    Agora, tenho de discordar de algo - no Brasil, em todas provas de ciclismo tem palhaços sim, só não tem as crianças.
    Os palhaços somos nós os ciclistas, que somos tão apaixonados pelo esporte que aceitamos federações administradas por ratos como o da mineira e outras, pagamos uma fortuna de inscrições em provas sem nenhuma segurança, com premiações risiveis, campeonatos brasileiros no hemisfério norte (masters em amapá em 2009), corridas de campeonatos estaduais de "resistência" de 40 minutos, regulamentos iguais aos profissionais (no que interessa pra cbc) para os ciclistas enquanto os organizadores podem fazer o que bem entender, e outras coisas mais, sendo que tem gente que ainda se dopa para dar voltas em quarteirão - olha o jeitinho ai - não treinam direito, portanto tomam alguma coisa pra compensar isto, com prejuizo financeiro e pra saúde - aliás saúde pra que se ganho de alguns em umas voltas no quarteirão? - isto beira o ridiculo.
    Só faltam as crianças...
    Ivo de Lima Dias

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  3. Concordo com tudo que o Ivo comentou! Tambem estou totalmente sem motivação para ir numa competição organizada por esses vermes que comandam a maioria das federações estaduais de ciclismo no Brasil. Eu vou continuar treinando, me dedicando, e sempre, tentando fugir do jeitinho brasileiro.

    Gostei muito do post, principalmente por voce mostrar como o processo é importante, fazer com que a gente lembre que antes de um resultado, muita coisa precisa ser feita...

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