BRASILEIROS SUPERAM CHUVA, FRIO E VENTO NO MUNDIAL MÁSTER NA ÁUSTRIA

O campeonato da Federação Mundial Máster está em sua 43ª terceira edição e como sempre foi um sucesso, dessa vez não poderia ser diferente. O Brasil contou com os seguintes representantes: Categoria A1: Marconi Ribeiro (Ciclo Race/DinamicLab), A2: Wander Vieira (Ciclo Race/CABE/SSPDF) e Marcelo Oliveira (Voight), B1: Roberto França (Ciclo Race) e Paulo Borges (Ciclo Race/Rolamentos Tigre), B2: Paulo Felipe (Ciclo Race) e Bira Macedo (Superbike 101), C: Toninho e Geraldo Bandock, num total de 9 ciclistas. 



Quando amanheceu no sábado (27) e ouvi o barulho da chuva um filme de terror veio em minha mente: chuva na Áustria é sinal de frio, mas um frio diferente daquele que sentimos no Brasil, nem parecia que no dia anterior tinha feito 34 graus. Entenda o fenômeno: a corrida se passa num vale entre uma cadeia de montanhas rochosas na região austríaca do Tirol, local perfeito para a prática de esqui no inverno, principal fonte de renda da região. 


Na hora da largada os termômetros marcavam pouco mais de seis graus, entretanto a sensação térmica com a chuva e vento era de estar abaixo de zero. Foi uma sensação terrível porque eu já havia passado por isso ano passado e sabia bem o que me esperava.

Luva fechada, segunda pele, capa de chuva, camisa Ciclo Race, manguitos, bermuda, pernitos térmicos, óculos com lentes para chuva e nada disso foi suficiente. Depois da primeira subida (pouco mais de 7 kms de prova) já estava tremendo de frio como no ano anterior quando larguei em condições climáticas semelhantes, mas vestido apenas com a segunda pele. Após a os primeiros kms, as pernas doíam tanto que parecia que rachariam a qualquer momento, o frio é algo terrível.


Apareceu até gelo no alto da montanha logo depois da prova
O objetivo passou rapidamente de competitivo para  apenas terminar a prova sem quedas (conversa fiada essa heim) e dentre os brasileiros, Marconi Ribeiro foi o melhor colocado ao terminar em nono lugar, Paulete ficou em décimo quinto, Wander Vieira e Bira fecharam a prova em décimo sétimo lugar, Paulada em vigésimo e Beto França que passou mal um dia antes e largou assim mesmo, conseguiu terminar a dura prova em vigésimo terceiro lugar, a apenas três colocações de receber mais um belo troféu. Marcelinho e Geraldo não terminaram a prova devido ao frio.


Marconi: "Eu estava numa fuga com mais oito caras para disputar o ouro, mas sobrei deles devido aos ataques a dez kms do final." Para o Cabeleira sobrar de roda na reta, imagine como foi isso.


Paulete: "Tentei me posicionar bem no pelotão, lembrei do que o Wander me falou: "isso é um Mundial, você tem que brigar por cada colocação". Então me posicionei e consegui ficar em 15º..."


Bira: "Eu estava numa fuga e sobrei perto da chegada, quando vi o carro madrinha estava chegando, lembrei do ano passado, ao final cruzei a linha sozinho..." Bira terminou entre a fuga e o pelotão.


Wander: "Havia apenas uma fuga com quatro caras na frente, entrei na reta de chegada no primeiro pelotão em quinto lugar, nos duzentos metros finais eu tremia tanto que meu pé soltou do pedal, muita gente passou em questão de um piscar de olhos, nem parei depois do chegada de tanta tristeza e fui direto para o hotel..." Bem que o Morcegão uma vez mandou eu apertar bem a regulagem do pedal...


Paulada: "Melhorei muito em relação ao ano passado, valeu demais, estou muito feliz com o meu resultado, especialmente numa prova dura como esta..."


Beto: "Me deu prego de fome no final, não consegui mais fazer força, a potência média ficou bem abaixo do normal..."

Com as condições climáticas alteradas, só de conseguir terminar essa prova foi realmente uma vitória para todos os brasileidros que ali estavam, pois a chuva não deu trégua um minuto sequer e o forte vento piorou ainda mais a situação, tenho certeza que ninguém vai esquecer dessa prova. É como Bira Macedo comentou: "... não vai adiantar contar para ninguém o que passamos aqui, ninguém vai entender, eles têm que vir aqui e passar pelo que passamos, só assim vão acreditar no que dissermos..."




Passar 112 kms com as mãos e pés praticamente congelados em outro Continente, diga-se de passagem, no "Continente da ciclismo" não é fácil. Nos raros momentos que o ritmo da prova baixava, o vento frio parecia que me congelaria, era melhor ficar na loucura dos sucessivos ataques do que ficar quieto no pelote. 


Ainda hoje (29) minhas mãos estão doendo muito do esforço que fazia para usar os freios nas descidas com as mãos duras (congeladas). A parte de trás das pernas está machucada por causa do pernito que ficou roçando com água e areia, tive uma alergia alimentar que empolou minhas coxas, enfim. Mas o que importa mesmo é que o troféu está aqui, não foi de primeiro lugar, mas ele está num lugar especial da minha estante, carregado de boas lembranças. Se vou querer passar por isso novamente? Hehehe, vamos ver ano que vem... 


Valeu pessoal, foi realmente uma excelente viagem e graças a Deus correu tudo bem! Muito obrigado a todos!

Comentários

  1. PARABÉNS para toda a equipe!
    Vocês representaram muito bem o Brasil e o DF, e, o mais importante, somados trazem um kit de experiências que enriquece o ciclismo candango.

    Abs,

    PikiDaTrilha

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  2. Obrigado Piki!!!!! Grande abraço da equipe Ciclo Race!

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  3. Parabéns a todos que estavam no mundial e pensem o que quiser mas vcs estavam lá e fizeram o melhor que puderam, é isso que vale, vcs são campeões fico orgulhoso por vcs estarem lá nos representando, vcs são a continuação da nossa história a história de quem faz por amor e luta por um sonho melhor no nosso BRASIL.

    Família MAGALHÃES

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  4. Obrigado a todos vocês da família Magalhães que têm uma história de valor no ciclismo brasileiro. Um elogio vindo de vocês que sabem bem o que é correr fora do Brasil tem muito mais valor do que mil críticas de quem sequer sabe do que está falando. Com um pouco de atraso deixo os parabéns a todos vcs em nome da equipe Ciclo Race pelo sucesso da Volta de Goiás Elite e Máster, foi muito bom e espero que nos próximos anos estas Voltas fiquem cada vez maiores!

    Mais uma vez, obrigado.

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