SPRINT FINAL COM MARCOS MACEDO


Marcos Macedo, atleta Master da equipe Lazzaretti, que há muito tempo está no ciclismo, já competiu em grandes equipes de sua época dentro e fora do Brasil, onde sempre brilhou!

Marquinho faz parte de um seleto grupo de pessoas que todos gostam muito, não apenas pelo seu sucesso no esporte, mas principalmente pela humildade em que se porta no Pelotão, ou melhor, pela pessoa que ele é.

Vamos ver o que ele tem a dizer:

PD Há quanto tempo você pedala e como foi sua entrada no esporte?



MM Comecei a pedalar em 1989. Gostava de pedalar longas distâncias (60/80 km para um bicicleteiro de Monareta ou Monark 10, realmente é uma longa distância). Resolvi então fazer uma viagem de Brasília a Barreiras, cerca de 650 km. Foi quando um amigo me informou que na praça do DI, em Taguatinga, cidade onde vivi por 26 anos, havia um "ciclista de verdade" que era dono de uma loja, chamada Ciclo Miroir. Fui até a loja onde fiquei conhecendo o Eustáquio. Pedi a ele algumas dicas para fazer uma boa viagem. Quando voltei, fui novamente até a loja dar notícias de como tinha sido a viagem. Aí ele me chamou para ir com ele a um treino que seria realizado no domingo. Foi ai que tudo começou.

PD Como foram suas experiências em provas internacionais?


MM Estive por duas vezes na Volta Internacional do Peru, além de uma temporada de aproximadamente 45 dias na Bélgica. Nesta última, tive a oportunidade de correr também na Alemanha.


PD Qual prova foi marcante em sua vida de atleta elite?


É difícil eleger somente uma prova. A repercussão de uma etapa que venci na Volta do Peru foi muito grande. Funcionou mais ou menos como um marco em minha carreira.


PD Conta como foi uma etapa de uma volta internacional que você rodou aproximadamente 160 km escapado, esse fato é real?


MM É real sim. A etapa estava em seu início, com apenas 20 km. Vento cruzado. Diversas atacadas. Isto implica no famoso “arranca e para”, coisa que nunca foi meu forte. Resolvi então atacar para tentar abrir um fuga com mais alguns atletas. Inicialmente deu certo. Ocorre que mal a fuga saiu, começou a política. Resolvi então atacar mais uma vez para ver se partia a fuga. Ninguém veio comigo e resolvi seguir só por um tempo para ver o que acontecia. Não fiz muita força até mais ou menos o quilômetro 120, se é que isso é possível, pensando na possibilidade de ser alcançado. Foi quando alguém da organização me mostrou uma placa informando 12 minutos de vantagem. A partir daí, resolvi ir para o tudo ou nada. Fiz a força que tinha e a que não tinha também. Se fosse neutralizado, com certeza teria sido minha maior frustração. Cheguei a cerca de 1'40”, o que foi suficiente para ganhar a camisa amarela.


PD Como era o seu treinamento quando competia na elite?


MM Treinava bastante. Separava o treino em três partes: Tiros curtos em subida, tiros longos no plano e mais um treino de distância média e igual intensidade. Além disso, escolhia um dia da semana para fazer um treino de no mínimo 120 km.


PD Como foi voltar a pedalar na categoria master?


MM Foi surpreendente. Não esperava nem a metade da dificuldade encontrada. O nível é altíssimo. Sinceramente, não achei que fosse “nadar de braçada”. Minha intenção era voltar a freqüentar o meio do ciclismo. Pensei que poderia treinar pouco, e que esse pouco seria suficiente para participar ativamente das corridas, mesmo que não ganhando. Com pouco tempo, percebi que com pouco treino, não conseguiria nem “assistir as corridas de dentro”. Com muito treino, daria para ter a esperada participação ativa, e com muito, mas muito treino, poderia pensar em ganhar alguma corrida. Ocorre que tendo hoje outras prioridades, fica difícil esse nível de dedicação necessário para ganhar corridas. Mas isso não me decepcionou. Pelo contrário, fico feliz por saber que nossa cidade tem os melhores ciclistas do país na categoria máster.

PD Qual a sua opinião sobre o ciclismo elite no DF nos dias de hoje?


MM Aí temos um problema. Infelizmente, nessa categoria não ocorre o mesmo que ocorre com a máster. Não acho que o problema seja o nível de nossos atletas, mas sim a quantidade deles. Sem um bom número, não é possível obter qualidade. As provas ficam sem qualidade técnica e, conseqüentemente, os atletas não obtém um bom ritmo de competição. Sentia muita dificuldade de correr provas como a 9 de Julho, correndo somente provas locais de janeiro até julho. Chegava lá bem preparado, porém sem ritmo. Você pode driblar essa dificuldade, freqüentando provas do calendário nacional, mas isso requer algo que não se vê por aqui: investimento. Sem um bom patrocínio, é inviável se manter num esporte caro como o ciclismo. Felizmente, tive a sorte de correr em algumas equipes com boas condições. Desde o início, na Ciclo Miroir, passando pela Ciclovício, Magalhães e Passe Bem. Não as mesmas que a Caloi, melhor equipe da minha época, mas suficiente para adquirirmos um nível razoável.


PD Você concorda que a categoria master é responsável pela decadência da categoria elite (apenas 18 ciclistas no último campeonato candango)?


MM De forma alguma. A categoria elite não precisa de atletas acima de 30 anos, e sim de atletas mais jovens, com mais perspectivas. Se os atuais masters migrassem para a elite, talvez resolvêssemos o problema da categoria em nível local. Mas isso não faria de Brasília um pólo de ciclismo. Nacionalmente falando, estaríamos na mesma.

PD Qual mensagem você deixa para os ciclistas que estão na elite e para os que pretendem competir nela?


MM Aprendi muito com o ciclismo, e uma das coisas que aprendi, é que quase tudo está na mente, e não no físico. Digo isso num sentido amplo. Você tem que ter boa cabeça para se ter um treino de qualidade. Se sua vida pessoal está desarrumada, isto se refletirá em seu ciclismo; tem que ter cabeça boa para correr bem, enxergando as possibilidades. Vale ressaltar que tudo depende de seu objetivo, de suas perspectivas no ciclismo. Há aqueles que querem apenas estar no meio, convivendo com amigos, se divertindo... Entretanto, se quer mesmo ser um ciclista com todas as letras, encare isso com obstinação. Respire o ciclismo. Para esses, volto a repetir: Ter aptidão física é necessário, mas não é o que faz a diferença. Em tese, todos que se encontram na categoria elite, têm bom nível físico. O que separa um bom atleta de um atleta campeão são os detalhes.


PD Espaço para você falar o que quiser, pode se manifestar à vontade:


MM Primeiramente gostaria de agradecer a oportunidade de responder a estas perguntas. Procurem retirar do ciclismo o que ele tem de melhor. Títulos são muito bons, mas não velem muito se não tiver amigos para compartilhá-los com você. Além disso, é bastante importante conseguir transportar experiências vividas em uma bicicleta, para sua vida fora dela, como por exemplo a perseverança, confiança em sua capacidade etc. Dedique-se o quanto for necessário para alcançar seu objetivo, mas lembre-se que não será um ciclista o resto da vida. E quando o momento da aposentadoria chegar, sua vida será melhor quanto mais amigos tiver. Aliás, isto é verdade não só em determinados momentos de sua vida, mas sim durante toda ela.


Abraço a todos.

Marcos Macedo

Nós que agradecemos por você ter aceitado conversar com a gente Marquinho, boa sorte em tudo!

Aguarde, em breve você em Sprint Final no PD!

Comentários

  1. Marquinho e Coutinho são "os caras".
    Muito fortes, tranquilos, correm limpo sem se acharem reeis da cocada preta.
    Obrigado aos dois por terem me deixado andar de roda em 1993 em SP.
    tudo de bom pra vcs.
    abs
    Ivo

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  2. Marcos Macedo... convivi pouco com este cara, mas o pouco que estive acompanhando ele em algumas provas foi o suficiente para conhece-lo e admira-lo.

    rodrigo araújo de melo (filho do jedson - cj )

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