MUNDIAL MASTER - ESTRADA

Wander, Beto, Evanio e Bira fazendo o reconhecimento do percurso e no caminho, uma paradinha para uma foto.

A organização da prova é muito boa, depois de um sistema desenrolado de entrega de numeros, o atleta vai direto para o local da largada. Aqui tem um pré-curral onde os fiscais da UCI conferem o número dos atletas um a um.

Em seguida o atleta vai para o alinhamnto já no ponto de largada ainda um a um, então o melhor é ficar sempre na frente para conseguir uma boa largada e chegar na montanha na ponta do Pelotão.

Tudo é cronometrado, a largada é pontual e você pode fazer o planejamento de alimentação e nutrição para a prova com toda a confiança porque o horário será cumprido. Com esta certeza, os atletas também não se atrasam e alinham o quanto antes para não perder a largada.
Depois do tiro da largada, são quase três kms até o pé da montanha e o melhor é se manter na ponta do pelote para subir com mais tranquilidade. Logo à frente o Bira e atrás o Evanio, esta foi a largada da Copa do Mundo de estrada.

Na copa o Bira largou para fazer uma volta apenas, mas resolveu fazer toda a prova e estava em uma fuga logo na primeira volta, quando passou na ponta do pelote que subiu igual uma moto. Na volta seguinte ele não parou e já estava no rabo do pequeno pelote. Na terceira volta deu um prego de fome e Bira teve que terminar o pedal sozinho, terminando a Copa em 72° lugar.
Aqui a placa que marca a inclinação da subida, são quase 3kms com inclinações que variam em pequenos tops, como um tobogã. O top final é o mais forte e longo, ali várias provas foram definidas.

No topo da montanha é possível ver o pelotão se aproximando da subida, geralmente vários ataques rolam pouco antes da escalada, são os passistas tentando escapar para subir de forma mais confortável, mas ninguém quer deixar a fuga rolar, então...

Este é o pelotão da 40-44 na Copa do Mundo. Um dos maiores pelotões do campeonato, a vantagem do pelotão grande é que na subida você queima menos, mas em compensação é quase impossível se posicionar para a chegada sem gastar muiiiiito da energia, com isso acontece de muitos atletas pararem o sprint repentinamente antes de cruzar a linha, o que torna a chegada ainda mais perigosa.

Olha o Bira entre os cascas na Copa do Mundo no topo da subida, por falta de experiência neste tipo de prova que não existe igual no Brasil na categoria master, ele gastou demais no início e custou caro no final, foi o mesmo que eu (Wander) cometi na Copa do Mundo ao sobrar também na terceira volta.

Esse magrelo na ponta é um americano que fez o limpa, ganhou a Copa do Mundo e a escalada na categoria do Evanio e Bira, o cara tem o biotipo do Aranha aqui de Brasília, só que mais leve...

No Mundial eu já estava mais esperto com as dicas do Beto (tem que fazer uma chegada a cada subida para não sobrar) e me posicionei de forma a conseguir subir sem sobrar do pelotão nas três voltas, mas não adiantou muito, a prova se definiu na primeira volta quando seleção italiana (com dez atletas) esticou a fieira a uns 4okmh no pé da subida e escaparam 5 italianos e um espanhol. Na segunda volta já eram dois italianos e um espanhol e na última, só os dois italianos...

A lenha foi tanta que o pelote se rachou em 5 pelotinhos, cada um a 1 minuto do outro... a minha posição melhorou de 50 na Copa para 37° no Mundial, que é bem mais duro que a Copa, fiquei satisfeito com o resultado por estar com apenas 1 ano de treino... agora é treinar para o ano que vem e quem sabe não sofrer tanto.
No Mundial o Beto andou bem demais. No ano anterior ele tinha terminado para lá de 60° devido a dificuldade de se posicionar no Pelotão gigante (150 caras) da categoria dele. Mas este ano ele estava mais experiente e conseguiu escalar poupando energia para gastar na hora certa (se posicionando para chegada), como ele mesmo afirmou. Assim, Beto terminou na 38ª colocação na Copa do Mundo e 32ª no Mundial e ficou feliz da vida com a bagagem adquirida em mais duas grandes provas.

O Evanio é um dos caras mais diferentes que tive a oportunidade de conhecer, que sujeito especial. Já correu em grandes equipes do Brasil, na companhia dos melhores ciclistas de seu tempo em Panamericanos e fez parte da Seleção Olímpica Brasileira.

Ele corre na mesma categoria do Bira e macaco velho, soube estar sempre bem posicionado, economizando nas escaladas e no final dividiu a ponta com grandes atletas, assim terminou a Copa do Mundo na 22ª colocação e o Mundial na 23ª, foi bem regular para quem competiu ali pela primeira vez e foi uma pena ele não ter feito o CRI, acho que andaria bem ali também.

Esta é uma cena clássica das corridas na Europa, alguém em dificuldade na subida e logo aparece um entusiasmado para o empurrar, parece fácil, mas vai tentar empurrar um ciclista montanha acima para você sentir o drama, depois pergunte ao Beto como é...rs

Uma das cenas mais lamentáveis da viagem foi ver o Bira chegar sozinho na montanha no dia do Mundial. Ele estava muito bem e o melhor, com a bagagem que pegou na Copa, dificilmente cometeria os mesmos erros, assim teria um melhor resultado naturalmente. Mas um Hund (cão em alemão) se encarregou de jogar no chão as expectativas de Bira que foi ao solo logo na primeira volta da prova e com fortes dores nas costelas teve que abandonar a prova.

Depois das escaladas longas descidas, retas, falsos planos e muitos ataques, vinha a danada da chegada, olha só o tamanho do pelotão do Beto na chegada do mundial! Amigos, antes da reta tem uma pistinha bem fininha que mal cabe três ciclistas, com uma curva fechada na entrada da reta e 1oo caras a 60kmh batendo guidão, tocando roda e gritando... é muita adrenalina. O Beto está mais à esquerda do Pelotão.

Depois de tanta lenha, um Gatorade cai bem demais, com pizza então, melhor ainda!!!
A premiação é um show à parte, tem telão, bandinha e muita gente assistindo. A cidade simplesmente gira em torno do ciclismo. É um sonho!

Chaminha da UCI dá um toque especial na decoração do lugar que é puro ciclismo

Aqui, um momento muito emocionante, o recebimento da camisa de campeão mundial e o recebimento da medalha, troféu e hino com asteamento da bandeira. Não teve um que não ficasse de olhos cheios d'água no primeiro dia de premiação, é muito legal mesmo!

Para concluir, parabéns a todos que encaram este desafio de frente, sem amarelar e em busca de novas experiências no esporte. Mas parabéns mesmo ao Hugo Andrade, o Cara de Gato, que foi lá no ano passado, correu na 30-34 sozinho e amealhou um 19° na Copa do Mundo e um 16° no Mundial. Só quem foi lá pode medir a intensidade e o tamanho da conquista do Hugo que faturou dois troféus da UCI.

As provas são tão "fáceis" que os 20 primeiros são homenagiados e sobem ao pódio para receber um lindo troféu. Hugo, você é o cara! Até agora tem a melhor colocação da cidade no mundial de estrada, será que alguém vai conseguir melhorar estas marcas ano que vem???

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